20 de mar. de 2013

Coronelismo em tempos de eleição


Créditos à Danilo Luiz Carlos Micali
(Doutorando em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista – UNESP /Araraquara /SP e professor substituto da Universidade Federal de Mato Grosso, UFMT, Cuiabá). 
Fonte: http://www.uniube.br/mariopalmerio/literatura/danilo_micali.pdf

Em nossa literatura destacamos o livro VILA DOS CONFINS, de Mário Palmério: romance de denúncia política, pela força e coragem com que lidou com a questão política no interior do país, razão pela qual este romance adquire uma particular importância nacional. 

O sistema político retratado baseava-se na fraude, uma vez que o voto não era secreto, fato que permitia sua manipulação fraudulenta. “O exercício da fraude eleitoral e da manipulação de votos, em geral, estava a cargo dos coronéis, grandes latifundiários espalhados pelos municípios”. 

Os coronéis tornavam-se chefes políticos por deterem o poder econômico em suas mãos, já que controlavam a lavoura para exportação, exercendo também, a par do poder político, um enorme prestígio social em suas respectivas localidades. 


“Exerciam o controle sobre a população mais pobre, que vivia sob sua influência”.

Desse modo, os coronéis podiam fraudar as eleições através da intimidação dos eleitores, pelo roubo de urnas, pela compra e falsificação de títulos de eleitor e outras infinitas artimanhas. 

Este quadro social e político que se configurou nas oligarquias existentes no interior do Brasil, durante o período da república velha (1889-1930), sofreu pouca alteração durante os anos que se seguiram.

Reportagem sobre VILA DOS CONFINS - o filme

Em Vila dos Confins, a ficção de Palmério esclarece o “voto de cabresto” e narra, em detalhes, as falcatruas empregadas no processo da apuração dos votos.

Havia ainda a compra e venda de títulos eleitorais, mais um estratagema utilizado pela corrupção eleitoral que assolou o interior do país no pós-30, fazendo, pois, parte da nossa história política e que Palmério tematizou em seu romance.

Este livro de Palmério faculta, aos leitores de hoje, uma percepção da vida política brasileira de meados do século XX. Porém, em pleno século XXI, às vezes, sentimos certos resquícios do coronelismo e do voto de cabresto que ainda sobrevivem... quando observamos o “peso” de alguns sobrenomes no contexto da política e da vida nacional como um todo.

Vila dos Confins analisa a época a qual pertence e dá um testemunho do seu tempo quando denuncia uma prática política corrupta e fraudulenta. 
Através da ficção, de forma tão autêntica, estimula o leitor a uma reflexão.



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